Muito ouvimos, principalmente no ensino médio e até na
faculdade – dependendo de qual curso fazemos - a respeito da Igreja Católica na
Idade Média. O que teria feito a Igreja, como teria sido o período da Idade
Média, e nossos professores normalmente ensinam que o período fora um “Deus nos
acuda”, uma coisa terrível de se pensar. Que a Idade Média é, por isso, chamada
de “Idade das Trevas”. Mas será que isso tudo é verdade? Vejamos.
Diferentemente do que muitos historiadores mais antigos
alegavam, os historicistas mais atuais, a exemplo de dois que vou citar por
aqui mais adiante, reviram esse posicionamento histórico duvidoso, no intuito
de tentar descobrir a verdade. E então, amigos leitores, a descoberta foi a
seguinte: a Idade Média foi responsável por grande parte do conhecimento
científico que passou às gerações seguintes. Isto é facilmente comprovável se
observarmos que foi a própria Igreja a criadora das Universidades. Sim, das Universidades!
Aquelas que grande parte de nós frequenta, e que movimentam o mundo tecnológico
e o mundo do trabalho. Foram criadas (pasmem!) pela Igreja Católica!
Monge copista |
É claro que a difusão do conhecimento na Idade Média era bem
diferente da que temos hoje. E isso porque, na época, faltavam recursos
tecnológicos. Não havia, por exemplo, máquinas de fotocópia, nem mesmo gráficas
ou impressoras, que pudessem facilitar a impressão de livros ou apostilas em
massa. Não havia computador, não havia internet. Sequer a máquina de escrever
havia sido inventada à época. Então, sabem como os livros eram produzidos?
Pelos monges, nos mosteiros, MANUALMENTE! Pensem na dificuldade que isto
representava, e aproveitemos para agradecer a Deus por todas as facilidades
tecnológicas de que dispomos hoje...
Mesmo com toda essa dificuldade, a Igreja sempre investiu em
educação. Para terem uma ideia, ela alfabetizou gerações de bárbaros (sim,
bárbaros! Aqueles que viviam fora do Império Romano, não falavam o latim, e
eram tidos pela maioria da sociedade como incivilizados, rudes, grosseiros e
até perigosos!). A Igreja não apenas catequizou os bárbaros, mas ensinou-os a
ler e a escrever, e todos os livros e bibliotecas da época não eram restritos
aos monges nem aos religiosos da época, mas eram estendidos a todos quantos
quisessem ter acesso ao conhecimento. As bibliotecas eram, sim, abertas e
disponíveis a todos. No entanto, como a produção de livros era difícil, talvez
não se tivesse a mesma procura pelo conhecimento e pela alfabetização que temos
hoje.
Muitos Papas quiseram investir pesado em alfabetização e
educação das classes sócio-econômicas mais inferiores, citando isto, inclusive,
em Concílios, como orientação para todo o clero. E isso, de fato, era
respeitado. As escolas criadas à época não eram apenas para quem dispusesse de
condições de custear o seu pagamento, muito embora fossem pagas. Sempre se
abriu as portas das escolas e universidades para os desprovidos de recursos. A
Igreja tem sido caritativa desde sempre. Não nos esqueçamos, além disso, que
continua a ser a maior instituição caritativa do planeta. As maiores redes de
caridade do mundo foram criadas por Madre Teresa de Calcutá, religiosa
fundadora das Missionárias da Caridade, beata católica em processo de
canonização.
Universidade na Idade Média |
Por essas razões, meus amigos, não nos enganemos: a Idade
Média não é a Idade das Trevas, mas sim a Idade da Luz! Em meio ao arcabouço
cultural e científico criado pela Igreja no período, seria um erro crasso
atribuir trevas a uma Era que foi, antes, de muita luz. A luz do saber, do
conhecimento científico, e da preocupação com o outro (desde sempre!), para que
todos pudessem ter acesso a esta mesma informação, e que pudesse ser repassada
de geração a geração.
Só por curiosidade, os historiadores que usei como base são
Thomas Whoods, P.H.D. em história medieval pela Universidade de Harvard, nos
EUA, e Daniel Roops, autor do livro “Igreja das Catedrais e das Cruzadas”.
Sobre a questão das Cruzadas e da Inquisição, não me deterei
com maiores detalhes neste artigo. No entanto, necessário observar que a época
esteve marcada por dificuldades também típicas do seu momento histórico. Há
dados distorcidos que nos são apresentados como se verdades fossem. Com isso,
tomemos cuidado! Podemos correr o risco de sair por aí transmitindo informações
que não são verdadeiras. O importante a ser dito aqui é que o Estado da época
detinha a cultura de punir com a morte, e isto era feito para todos os crimes,
e não apenas para os eclesiásticos (crimes cometidos contra a Igreja, como o
crime de heresia). A Igreja também puniu com a morte em algumas situações, mas
é preciso dizer que os números oficiais não chegam nem perto dos que nos têm
sido apresentados. Foram muito, mas muito menores mesmo. Não querendo colocar a
culpa para cima do Estado, mas entendo que a época foi, sim, de barbárie no que
tange aos métodos de punição que o Estado propunha, e a Igreja concretizava EM
POUQUÍSSIMAS SITUAÇÕES, mesmo porque não havia, nessa época, separação entre
Estado e Igreja. Eram uma coisa só. A partir daí, no entanto, os métodos
mudaram. Foram dificuldades da época, mas que já passaram, e não podemos ficar
com a ilusão de que a Igreja praticava um genocídio, que matava a todos que não
concordavam com ela, pois não era assim. A Igreja se opunha aos cristãos que
não viviam o cristianismo como proposto, mas não aos muçulmanos, judeus e
adeptos de outras religiões que não seguissem os dogmas, mesmo porque isso não
era de atribuição dela!
Enfim, amigos, muito se disse, e
muito ainda há a ser dito a respeito da Idade Média. Muitos erros históricos
ainda precisam ser retratados. O espaço e o tempo são curtos, mas espero, com
estas breves linhas, ter ajudado vocês a refletirem um pouco sobre a Idade
Média, este período rico e tão importante de nossa história. Não nos deixemos
ser passados para trás! A Igreja tem sido caluniada há séculos em nome de uma
falsa difusão da verdade. Penso que precisamos observar os fatos antes de
querer discutir argumentos, para não cairmos no risco do erro. De posse destas
informações, naquilo que é oportuno, não deixemos nossa Amada Igreja, fundada
por Cristo, ser caluniada por aqueles que não conhecem bem a história.
Estudemos e repassemos o conhecimento, como se fazia desde a Idade Média.
Um abraço a todos, e a paz de Cristo nos seus corações.
Jennifer Gama
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