sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Idade Média = Idade das trevas?


Muito ouvimos, principalmente no ensino médio e até na faculdade – dependendo de qual curso fazemos - a respeito da Igreja Católica na Idade Média. O que teria feito a Igreja, como teria sido o período da Idade Média, e nossos professores normalmente ensinam que o período fora um “Deus nos acuda”, uma coisa terrível de se pensar. Que a Idade Média é, por isso, chamada de “Idade das Trevas”. Mas será que isso tudo é verdade? Vejamos.

Diferentemente do que muitos historiadores mais antigos alegavam, os historicistas mais atuais, a exemplo de dois que vou citar por aqui mais adiante, reviram esse posicionamento histórico duvidoso, no intuito de tentar descobrir a verdade. E então, amigos leitores, a descoberta foi a seguinte: a Idade Média foi responsável por grande parte do conhecimento científico que passou às gerações seguintes. Isto é facilmente comprovável se observarmos que foi a própria Igreja a criadora das Universidades. Sim, das Universidades! Aquelas que grande parte de nós frequenta, e que movimentam o mundo tecnológico e o mundo do trabalho. Foram criadas (pasmem!) pela Igreja Católica!

Monge copista
É claro que a difusão do conhecimento na Idade Média era bem diferente da que temos hoje. E isso porque, na época, faltavam recursos tecnológicos. Não havia, por exemplo, máquinas de fotocópia, nem mesmo gráficas ou impressoras, que pudessem facilitar a impressão de livros ou apostilas em massa. Não havia computador, não havia internet. Sequer a máquina de escrever havia sido inventada à época. Então, sabem como os livros eram produzidos? Pelos monges, nos mosteiros, MANUALMENTE! Pensem na dificuldade que isto representava, e aproveitemos para agradecer a Deus por todas as facilidades tecnológicas de que dispomos hoje...

Mesmo com toda essa dificuldade, a Igreja sempre investiu em educação. Para terem uma ideia, ela alfabetizou gerações de bárbaros (sim, bárbaros! Aqueles que viviam fora do Império Romano, não falavam o latim, e eram tidos pela maioria da sociedade como incivilizados, rudes, grosseiros e até perigosos!). A Igreja não apenas catequizou os bárbaros, mas ensinou-os a ler e a escrever, e todos os livros e bibliotecas da época não eram restritos aos monges nem aos religiosos da época, mas eram estendidos a todos quantos quisessem ter acesso ao conhecimento. As bibliotecas eram, sim, abertas e disponíveis a todos. No entanto, como a produção de livros era difícil, talvez não se tivesse a mesma procura pelo conhecimento e pela alfabetização que temos hoje.

Muitos Papas quiseram investir pesado em alfabetização e educação das classes sócio-econômicas mais inferiores, citando isto, inclusive, em Concílios, como orientação para todo o clero. E isso, de fato, era respeitado. As escolas criadas à época não eram apenas para quem dispusesse de condições de custear o seu pagamento, muito embora fossem pagas. Sempre se abriu as portas das escolas e universidades para os desprovidos de recursos. A Igreja tem sido caritativa desde sempre. Não nos esqueçamos, além disso, que continua a ser a maior instituição caritativa do planeta. As maiores redes de caridade do mundo foram criadas por Madre Teresa de Calcutá, religiosa fundadora das Missionárias da Caridade, beata católica em processo de canonização.

Universidade na Idade Média
Por essas razões, meus amigos, não nos enganemos: a Idade Média não é a Idade das Trevas, mas sim a Idade da Luz! Em meio ao arcabouço cultural e científico criado pela Igreja no período, seria um erro crasso atribuir trevas a uma Era que foi, antes, de muita luz. A luz do saber, do conhecimento científico, e da preocupação com o outro (desde sempre!), para que todos pudessem ter acesso a esta mesma informação, e que pudesse ser repassada de geração a geração.

Só por curiosidade, os historiadores que usei como base são Thomas Whoods, P.H.D. em história medieval pela Universidade de Harvard, nos EUA, e Daniel Roops, autor do livro “Igreja das Catedrais e das Cruzadas”.

Sobre a questão das Cruzadas e da Inquisição, não me deterei com maiores detalhes neste artigo. No entanto, necessário observar que a época esteve marcada por dificuldades também típicas do seu momento histórico. Há dados distorcidos que nos são apresentados como se verdades fossem. Com isso, tomemos cuidado! Podemos correr o risco de sair por aí transmitindo informações que não são verdadeiras. O importante a ser dito aqui é que o Estado da época detinha a cultura de punir com a morte, e isto era feito para todos os crimes, e não apenas para os eclesiásticos (crimes cometidos contra a Igreja, como o crime de heresia). A Igreja também puniu com a morte em algumas situações, mas é preciso dizer que os números oficiais não chegam nem perto dos que nos têm sido apresentados. Foram muito, mas muito menores mesmo. Não querendo colocar a culpa para cima do Estado, mas entendo que a época foi, sim, de barbárie no que tange aos métodos de punição que o Estado propunha, e a Igreja concretizava EM POUQUÍSSIMAS SITUAÇÕES, mesmo porque não havia, nessa época, separação entre Estado e Igreja. Eram uma coisa só. A partir daí, no entanto, os métodos mudaram. Foram dificuldades da época, mas que já passaram, e não podemos ficar com a ilusão de que a Igreja praticava um genocídio, que matava a todos que não concordavam com ela, pois não era assim. A Igreja se opunha aos cristãos que não viviam o cristianismo como proposto, mas não aos muçulmanos, judeus e adeptos de outras religiões que não seguissem os dogmas, mesmo porque isso não era de atribuição dela!

Enfim, amigos, muito se disse, e muito ainda há a ser dito a respeito da Idade Média. Muitos erros históricos ainda precisam ser retratados. O espaço e o tempo são curtos, mas espero, com estas breves linhas, ter ajudado vocês a refletirem um pouco sobre a Idade Média, este período rico e tão importante de nossa história. Não nos deixemos ser passados para trás! A Igreja tem sido caluniada há séculos em nome de uma falsa difusão da verdade. Penso que precisamos observar os fatos antes de querer discutir argumentos, para não cairmos no risco do erro. De posse destas informações, naquilo que é oportuno, não deixemos nossa Amada Igreja, fundada por Cristo, ser caluniada por aqueles que não conhecem bem a história. Estudemos e repassemos o conhecimento, como se fazia desde a Idade Média.
Um abraço a todos, e a paz de Cristo nos seus corações.


Jennifer Gama 

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